Nossa História

A origem da cachaça artesanal “Seresteira do Vale”, remonta da primeira metade do século XX.
Meu avô paterno, Sr. Leonardo Gonçalves Costa, era por si só um homem afeito às artes. Sua fazenda tinha uma grande sede com um imponente alpendre que tomava toda a sua frente. Tudo ali tinha sua mão de artista.Após o curral, que ficava de frente à casa grande, ele construiu, em forma de “L”, grandes galpões com paredes de pedra, onde eram armazenados os produtos da fazenda sendo uma das alas destinadas à moradia dos trabalhadores locais.

sede era construída em um declive de terreno. Após ela, já perto da confluência dos rios Canjuru e Mandiocuçu, de onde veio o nome “Fazenda da Barra”, ergueu um grande galpão de engenho, com todas as instalações construídas por ele, onde fabricava a farinha de mandioca, farinha de milho, o polvilho e principalmente a cachaça e o açúcar mascavo. Esses produtos eram então transportados em tropas para Diamantina e Itamarandiba onde ali eram vendidos.
Casado com D. Francisca Augusta, teve ao todo quatorze filhos, seis homens e oito mulheres que se tornaram moças bonitas e cobiçadas.

Apesar do Sr. Leonardo ser um homem prático, de poucas palavras e tendo o espírito artístico, entendia que precisava permitir que jovens vindos de Itamarandiba, Carbonita, Diamantina e outras cidades ali aportassem e conhecessem suas belas filhas, oportunidade que teriam de conhecer os seus pretendentes.
Foi assim, com sua prazerosa anuência, que começaram a fluir para ali grupos de jovens que, para ajudar nas conquistas das moças, levavam artistas, cantores, compositores, instrumentistas, muitos deles de Itamarandiba e Carbonita.
Aproveitando a boa hospitalidade do casal, passavam dias e dias a compor e a cantar belas modinhas que eram trazidas de Diamantina, Ouro Preto e Rio de Janeiro pelos tropeiros e viajantes e a degustar a boa cachaça produzida na fazenda.

 

Desses saraus, que certamente duraram muitos anos, os jovens filhos do casal conviviam e participavam, aprendendo a tocar principalmente o violão que era o instrumento mais acessível por estas bandas do Vale do Jequitinhonha. Assim, muitos dos filhos aprenderam a tocar violão, o que facilitou o aprendizado das modinhas e o desenvolvimento do canto, já que todos tinham boa voz.


Dos filhos do casal, o que mais desenvolveu a arte de cantar e tocar, foi o filho mais novo Geraldo de Campos Costa, meu pai. Ainda menino, com boa voz, quando em visita aos parentes em Itamarandiba ou Carbonita, era levado pelos seresteiros, para as noites de serestas e cantorias nas casas de amigos.


Até se casar, em 1945, com D. Lourdes (Maria de Lourdes Fernandes Costa) filha e neta de músicos, Geraldinho da Barra, como ficou conhecido, foi uma grande expressão nas cantorias e serestas pelas ruas de Itamarandiba e Carbonita.
Após o casamento adquiriu a fazenda Laranjeiras, para onde se mudou com a esposa. Como seu pai havia falecido, Geraldinho da barra levou o engenho e o alambique para a sua fazenda, continuando a fabricar cachaça, usando a mesma técnica.O casal constituiu uma numerosa prole que herdou a veia artística, tanto do pai como da família materna. São doze filhos, todos com belíssimas vozes e tendências à execução de instrumentos musicais. Residindo na fazenda até a adolescência, se juntavam aos trabalhadores na lida diária, inclusive na produção de rapadura e cachaça artesanal. Assim, o interesse pela produção da tradicional cachaça artesanal mineira sempre foi grande entre os filhos do casal. Era comum nas noites secas, principalmente nas enluaradas, juntarem-se todos ao redor de uma fogueira à frente da casa.


Alí reunidos, papai pegava o violão e todos cantavam junto com ele. Com isto, ensinou-me o gosto pela seresta, a cantar diversas músicas e modinhas, umas palacianas, outras de cantores locais, de Diamantina, Montes Claros, etc. Tornei-me um seresteiro.
Sempre alimentei o desejo de um dia produzir cachaça. Ao receber a gleba de terra que me foi doada por meu pai, surgiu a oportunidade de produzir cachaça de qualidade, dentro dos padrões da Associação Mineira dos Produtores de Aguardente. Após longo tempo trabalhando fora de Itamarandiba, voltei e iniciei o planejamento para atingir a meta desejada.


Em homenagem ao meu avô Leonardo Gonçalves Costa, com quem tudo começou, em
homenagem ao meu pai Geraldo de Campos Costa, Seresteiro, produtor de Cachaça e que me
fez também Seresteiro, o nome da cachaça “ SERESTEIRA DO VALE “.